O 7ºC do Cerco

Um blogue do 7ºC da Escola EB 2/3 do Cerco. Um espaço para darmos a conhecer os nossos trabalhos e opiniões.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Oficina de Escrita - Português. Os nossos trabalhos


Estes contos foram produzidos por nós, numa aula de Português, a partir de um texto adaptado de Fernando Veríssimo. O texto original é este:

Conto Gramatical

Era a terceira vez que aquele nome e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um nome masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito subentendido, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.
O nome gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: óptimo, pensou o nome, mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do nome. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a insinuar-se. Começaram a aproximar-se e abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem uma frase simples passaria entre os dois.
Entretanto a porta abriu-se repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjectivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e frases exclamativas. O nome, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa, pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar, atirou-o pela janela.
Agora, quem coloca ponto final sou eu. Ou melhor: coloco dois. Um, é para não perder a mania. Outro, é porque isso é um conto rápido, e não uma oração subordinada completiva.

(texto adaptado a partir de um conto de Fernando Veríssimo)
Na aula, nós fizemos foi versões “pastiche” deste conto…


Conto engravatado

Era a terceira vez que aquela camisa e aquele colarinho se encontravam no pescoço. Era uma gravata às riscas vermelhas e brancas e era uma camisa clássica, de boas marcas e bem vincada pelos traços da moda actual. A gravata gostou daquela situação. Finalmente ela e ele bem juntinhos no pescoço, não estiveram com meias medidas e deram o nó.
A t-shirt, que estava no armário, não gostou nada do que viu e desarrumou todas as gavetas para afogar as suas mágoas. As calças desportivas e clássicas, os casacos, os chapéus e as camisolas e até as cruzetas desaprovaram a atitude da t-shirt… Afinal, qual era o problema? Aquela gravata nasceu mesmo para ficar com aquela camisa, pelo menos, enquanto a moda durar! E qualquer dia, a t-shirt encontra um pescoço à sua medida e viverão todos em harmonia no roupeiro.
Mário


CONTO MAQUILHADO

Era a primeira vez que aquele batom e aqueles lábios se encontravam no espelho. O batom tinha um aspecto sedoso, com um brilho muito natural. Os lábios eram bonitos, bem definidos, femininos e extremamente atraentes.
O batom conhecia todos os truques da maquilhagem e era fanático por filmes de eyeliner preto. O batom gostou da situação, os dois sozinhos, tão próximos um do outro que os lábios até mudaram de cor.
Era o visual certo para aquela festa onde os dois iam arrasar: será que o rímel e as pestanas também se entenderam?
Bem, melhor do que aqueles lábios carnudos bem pintados, só mesmo o sorriso que eles escondem…
Ana Monteiro, Cláudia Correia e Diana Monteiro



CONTO BASQUETEBOLÍSTICO

Era a primeira vez que aquela bola encontrava aquele cesto. Era uma bola redonda, nova e da nike e era um cesto alto, esguio, atraente. Pela primeira vez, a bola estava quase a entrar no cesto, mas, a emoção fez com que ela fosse à tabela.
O cesto gostou daquela situação, porque era a primeira vez que era lançada para ele. Aquele cesto só era usado em dia de jogos e, mesmo assim, nem sempre, pois ele era muito tímido. Naquele dia, perante a ousadia e beleza daquela bola, perdeu a timidez. Foi amor ao primeiro cesto. A bola caiu nos braços daquele cesto e foram muito felizes. O único problema era quando bola e cesto jogam em equipas adversárias…
Luís


CONTO ESCOLAR

Era a terceira vez que aquele lápis e aquela borracha se encontravam naquele estojo. O lápis, número dois, alto, magro e com o bico bem afiado, embirrava com a borracha que era bem branquinha, imaculada.
Quando o lápis se enganava, ela tentava apagar os erros e por vezes, de propósito, borratava tudo. O lápis não apreciava nada esta situação: eles, sozinhos, num lugar distante das canetas, aguças e réguas, sem que ninguém os visse, ouvisse e o pudesse ajudar. Após este momento de tensão, o lápis recomeçou a escrever o seu texto, quando se atrapalhou e errou, a borracha delicadamente o corrigiu, sem estragar nada. Assim, acabaram por se reconciliar.
Pouco tempo depois, o Ricardo colocou-os no estojo para irem para a escola. A partir desse dia em diante lápis e borracha passaram a colaborar um com o outro, afinal todos os lápis erram e as borrachas estão lá para ajudar.

Liliana, Bruna M. e Bruna B.



CONTO CULINÁRIO

Era a primeira vez que o sal e a farinha se encontraram na despensa. Era um sal masculino, com aspecto pedregoso, sabor amargo e alguns anos bem vividos no corredor do supermercado. E a farinha era bem feminina, alva, novinha, com uma maravilhosa textura. Era ingénua e saborosa e, ao contrário do sal, um pouco tímida. Ele era arrogante, preconceituoso, com a mania de temperar tudo a seu gosto e fanático por molhos franceses, daqueles que só os “gourmets” apreciam.
A farinha até que gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar cheio de mercearia, a ver e a ouvir tudo. Mas a salsicha não quis perder a oportunidade e começou a insinuar-se e a querer saber o tema da conversa. A farinha, como era muito ingénua, acabou por lhe revelar o assunto. O sal não achou grande piada à intromissão, mas pouco tempo depois já estava tudo bem, dentro de uma grande panela, que estava ao lume.

Rute e Raquel



CONTO DA CHÁVENA E DO PIRES

Era a terceira vez que aquele pires e aquela chávena se encontravam na mesa da sala de jantar. Era um pires masculino, com aspecto clássico, com alguns anos bem conservados nas vitrinas da vida. E a chávena era bem florida, feminina e vistosa, mas tímida: era ainda muito novinha, mas com uma maravilhosa sensualidade natural (será da asa?). Ele, pelo contrário, um pires clássico, com muito charme, que faria boa figura em qualquer sala de jantar e fanático pelo chá das cinco.
O pires gostou desta situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver, nem ouvirmos. E, sem perder a oportunidade, começou a escaldar as belas curvas da chávena. Começaram a conversar. A chávena sensual, deixou a timidez de lado e autorizou esse primeiro “beijo”. A luz apagou-se, só os dois estavam naquela bandeja. “Óptimo”, pensou o pires, mais um bom motivo para provocar alguns momentos mais quentes. Pouco tempo depois, já estavam bem conversados, quando a luz se acendeu. Ficaram uns instantes em silêncio, ouvindo uma maravilhosa música de fundo, bem suave e agradável e sonhando com uma fuga para um louceiro bem distantes.
Entretanto, a porta abriu-se de repente: era a colher! Ela tinha percebido tudo…. Entro espalhando o açúcar e dando sermões aos dois. A chávena, receosa de perder, o seu pires colocou um biscoito no assunto e atirou a colher para o faqueiro.
Pires e chávena selaram este momento com um beijo apaixonado e viveram felizes para sempre, na vitrina da sala, sob o olhar meigo do bule.
Patrícia, Joana e Carla

CONTO WRESTLING (com dois finais)

Era a terceira vez que a mesa se encontrava com o escadote numa “Hell in Cell”. A mesa era castanha, com ferros pretos e o escadote era prateado com uns belos degraus dourados. A mesa adorou saber que ia lutar contra o escadote. Quando o escadote estava a dar uma entrevista, apareceu a cadeira e fez um “spean”, dizendo:
- Quero combater contra ti e contra a mesa numa “Hell in Cell” e numa “ameaça tripla”. Então, apareceu o treinador geral da “raw”que decidiu dar ouvidos à cadeira e marcou o combate para o Royal Ramble.

Primeiro Final:

Quando lá chegaram, a mesa, o escadote e a cadeira estavam nervosos. Primeiro entrou a mesa e, de seguida, apareceu a cadeira com as pernas a bambear. Começou um combate renhido, quando estavam todos esgotados, a cadeira fez um “samon spike” ao escadote, uma marreta apareceu por trás,e fez-lhe um “RKO” e fugiu. A mesa passou por cima da cadeira e 1….2….3….4…. Tlim., tlim… tocou a campainha que anunciou a vitória da mesa!

Miguel


Final Alternativo:

O escadote começou a correr e a cadeira fez-lhe uma rasteira. De seguida a cadeira saltou para cima da mesa, fez-lhe uma guilhotina e a mesa foi forçada a desistir. A cadeira venceu, festejou no parapeitro da janela e, depois, cumprimentou aos adversários.

Pedro e André

(nota da professora. O Miguel, o André e o Pedro prometeram que vão fazer um dicionário do wrestling, para que este conto fique mais legível. Fico à espera!)



CONTO LAVADO

Era a nona vez que aquela mochila encontrava aquelas meias. Era uma mochila nova, cheia de estilo e de fechos e eram uma meias sujas, velhas e com um cheiro muito desagradável, aliás, como se costuma dizer, cheiravam a chulé.
As meias estavam esquecidas, dentro da mochila, há mais de duas semanas. A mochila estava triste e doente, já quase não se mexia com o cheiro. Quando chovia, ainda conseguia reagir, mas quando estava calor era horrível. Um dia, ganhou forças e expulsou as meias, dizendo:
- Só entrais no meu espaço, quando tiveres tomado um bom banho!
Nessa noite, a mochila abriu todos os fechos para deixar a água da chuva e, talvez assim, alguém se lembrasse de a levar até à máquina de lavar.
As meias e a mochila encontraram-se na máquina e , entre tantas voltas que deram, acabaram por se entender.

Sérgio

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1 Comments:

  • At 10/14/2006 1:10 da manhã, Blogger MM said…

    Que ideia tão gira!!! Luis, sempre em grande a marcares os teus cestos; e não é que o Sérgio me fez lembrar a conversa do Prof. de Ed. Física quanto ao banho depois da aula... para que ninguém saia a cheirar a chulé!! Abraço e parabéns à malta!! ;-)

     

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